“Voltei Recife…” – Parte Final

Já no sábado a ressaca moral e física foi o beijo que me despertou da cama. A noite da sexta-feira foi intensa. Depois do café da manhã, fomos novamente ao shopping. Minha amiga queria comprar um par de óculos escuros. Na entrada um frozen delicioso para recompor as energias, e muitas caminhadas pelo shopping.

Ainda tivemos que deixar os abadás na costureira para serem customizados. Minha prima fez uma feijoada suculenta, com direito a caipirinha e cerveja gelada para o início da tarde. Para compensar e digerir bem o almoço tomei dois comprimidos de alcachofra e fui descansar. A noite Miss Sangalo teria quer ser recepcionada com o melhor da minha empolgação.

Senti umas pontadas no estômago durante a tarde, mas nem imaginei o que aconteceria. Depois de umas horas de descanso  nos dirigimos ao Centro de Convenções de Recife. Achei meio desorganizado, sem sinalizações e um trânsito no local do evento meio confuso. O estômago tinha dado uma trégua. Ao entramos imaginamos que pelo menos duas das cinco atrações já haviam tocado. Nada. Nenhuma banda. Só um cortejo de maracatu tentava animar os foliões.

Horas depois e começa o primeiro show. Tomei uma Ice para me animar e dançar os novos hit´s do pagode baiana e pernambucano. Depois do show do Vai D3, comecei sentir minha barriga revirar. Ainda faltavam os dois shows principais: Ivete e Tomatte. Fiquei meio tenso, mas continuei animado. Os amigos começaram a ficar preocupados e eu tratei de dizer que estava tudo bem. O segundo show começou e alternei entre animado, preocupado, pressão baixa e tentando disfarçar o mal-estar.

No terceiro show da noite, apesar da pressão do artista baiano, eu já sentia que estava bem mal. Não queria estragar a festa de ninguém. Continuei ali, firme e esperando a Ivete Sangalo. Mesmo um pouco abatido, eu ainda dei umas paqueradas no meio do povo. Como tinha gente interessante neste show.  Essa minha barriguinha tinha que me aprontar uma dessas logo naquele dia. Não sabia se foi a junção da feijoada com alcachofra, energético e Smirnoff Ice que resultou nisso tudo, mas por um instante tive receio que não agüentasse ver o show da Ivete.

E o terceiro show acabou, e pelo menos pra mim, só faltava a Ivete. A pressão caia, e a dor ficava cada vez mais intensa. Muito tempo entre um show e outro e nada. Resultado passei malzaço. Sentei, bebi água, respirei e disse a mim mesmo que agüentaria até o final. Afinal, o intuito da viagem era ser feliz e curtir o mega show de uma das minhas cantoras preferidas.

Finalmente Ivete entrou e eu pulei. Nem liguei para as dores. Liguei sim para alguns imbecis que dançavam por trás da gente, como se houvessem pagado três ingressos. Eles queriam marcar seus terrenos dando cotoveladas e empurrando nos outros. Aliás, o que tinha de gente folgada que não respeitou o espaço dos outros. Eu não sei o que acontece com os jovens de hoje. Parece que quanto mais loucos, mais descolados. Realmente prefiro nem entender.

E Ivete Sangalo uma primazia única. A diva baiana estava deslumbrante em um vestido dourado que iluminou o espaço do evento. A festa estava lotada . A cada música da baiana, uma satisfação. Gritos, pulos, gracejos e a certeza de que eu teria que estar lá. Graças a Deus pude suportar e meus amigos foram companheiros até o momento que agüentei ficar ali e pegar o táxi para voltar pra casa.

Durante a madrugada passei muito mal.  Acordei pior ainda. Levantei, tomei banho e comecei a organizar as coisas para que todos nós fossemos para o almoço que tinha sido preparado, tão acrinhosamente, por minha tia e prima.

A última tarde além de dor estomacal, teve almoço entre família e amigos, despedidas e depois, uma hora de cochilo, com uma pequena melhora para encarar que já era hora de voltar. E a volta…

Nossa. A volta foi um evento a parte. Parecia que havia umas cinco crianças de colo no avião e todas elas resolveram fazer um coro daquelas músicas insuportáveis: O choro. Foi uma hora e quinze minutos de uma melodia chata e vários pedidos a Deus que mantivesse minha barriga em ponto zero.

E mesmo com esse pequeno contratempo estomacal, digamos assim, eu posso dizer que alcancei meu objetivo com esta viagem. Era algo que eu precisava fazer naquele momento. Dar uma pausa e respirar pára poder assimilar minhas escolhas e tudo que está acontecendo.  Se fosse necessário dar uma nota seria um nove sem dúvidas. O ponto que falta para o dez quem tirou foi o coral do berçário em pleno ar.

Se pude viver  três dias especiais é porque estava cercado de pessoas maravilhosas e que amo de coração. Agradeço a  cada um pelos momentos vividos e por fazerem parte da minha vida. Sintam-se abraçados.

E agora começo meu ano pra valer. Disposto a sacudir o marasmo que me abraçou por quase todo 2009…